Zeca Dirceu intensifica articulações em Brasília para conter crise do leite no Paraná

_Deputado federal defende medidas junto a ministérios para proteger a agricultura familiar e reequilibrar a cadeia do leite no Estado._


Fotos de arquivo: Diogo Zacarias.


O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) ampliou, nas últimas semanas, as articulações junto ao governo federal para a adoção de medidas emergenciais que possam amenizar a crise enfrentada pela cadeia do leite no Paraná. Com preços pagos ao produtor abaixo do custo de produção, endividamento crescente e abandono da atividade, sobretudo entre agricultores familiares, o parlamentar tem buscado soluções que combinem proteção ao mercado interno, garantia de renda e alívio financeiro imediato.


A situação preocupa entidades representativas do setor. Segundo Elizandro Krajczyk, coordenador da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Paraná (Fetraf-PR), o principal gargalo é o excesso de oferta aliado à queda do consumo e à concorrência com o leite importado. “Estamos reivindicando que seja estancada a importação do leite, que gera uma concorrência desleal, e que haja compras públicas para escoar a produção. Sem isso, não há como recuperar o preço pago aos agricultores”, afirma. Para ele, além das medidas urgentes, é indispensável avançar na construção de uma política nacional estruturante para o leite, com preço mínimo e estímulo ao consumo, sob risco de aprofundar a exclusão dos pequenos produtores.


No mesmo sentido, a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares (FETAEP) também tem intensificado a mobilização em Brasília nos últimos dias. O presidente da entidade, Alexandre Leal dos Santos , relatou a entrega de ofícios a ministérios estratégicos cobrando providências antes do fim do ano. “Os agricultores familiares não estão aguentando mais ficar na atividade. Um dos caminhos é avançar no antidumping e taxar o leite importado, para que se valorize o produto nacional e o trabalho da agricultura familiar”, disse.


Zeca Dirceu afirma compartilhar da mesma angústia relatada pelas entidades e produtores. “Nós estamos tratando desse assunto há muito tempo. É preciso buscar soluções efetivas, reduzir o custo de produção, possibilitar a renegociação de dívidas e, principalmente, melhorar o preço do leite pago ao produtor”, declarou o deputado.


Articulação em Brasília por medidas emergenciais


Nos últimos 90 dias, o parlamentar promoveu uma série de agendas presenciais e virtuais para tratar do tema. Ele se reuniu com os ministros Carlos Fávaro (Agricultura), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e com o presidente da Conab, Edegar Pretto. Também articulou reuniões online entre lideranças paranaenses da cadeia do leite e técnicos dos ministérios e órgãos federais responsáveis pela execução das políticas públicas.


A realidade enfrentada pelos produtores paranaenses reforça a urgência das medidas. Integrantes da Cooperativa de Leite da Agricultura Familiar de Salto do Lontra relatam que o valor pago pelo litro do leite varia entre R$ 2,40 e R$ 2,90, patamar frequentemente insuficiente para cobrir custos como ração, energia e insumos. No Paraná, o cenário é ainda mais crítico: diferentemente do padrão histórico, o preço do leite tem caído durante a entressafra de inverno, período em que normalmente deveria haver valorização.


Diante desse quadro, Zeca Dirceu apresentou um conjunto de propostas prioritárias ao governo federal. Entre elas estão a investigação de dumping e a aplicação de medidas antidumping, com possível suspensão temporária das importações de leite e derivados; a adoção de um preço mínimo de referência compatível com o custo de produção; a ampliação das compras governamentais da agricultura familiar para merenda escolar, hospitais e programas sociais; e a criação de crédito emergencial, com renegociação ou perdão parcial de dívidas de pequenos produtores, especialmente aquelas vinculadas ao Pronaf.


O deputado também defende o fortalecimento do cooperativismo, o estímulo à industrialização local e maior transparência na formação de preços entre produtor, indústria e varejo. “São medidas emergenciais para preservar a produção nacional, a agricultura familiar e a segurança alimentar, evitando uma dependência ainda maior de importações no médio prazo”, afirmou.


Como próximo passo, Zeca Dirceu anunciou que irá encaminhar novos expedientes aos ministros Fernando Haddad (Fazenda), ao vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (MDIC), ao MDA, MAPA, à Casa Civil, à Secretaria de Relações Institucionais (SRI) e ao Banco do Brasil, reforçando a necessidade de respostas rápidas, especialmente no que diz respeito ao alívio financeiro dos produtores endividados.